Musashi, de Eiji Yoshikawa, volta à Editora Estação Liberdade e às livrarias brasileiras em sua nova edição. Nela, os dois volumes, que relembram os primórdios deste marco editorial em suas clássicas cores amarelo e azul, ganharam sobrecapas comemorativas e páginas amarelas.
Pensadas em estilo minimalista e elegante, as sobrecapas de Musashi são compostas por um fundo preto com acabamentos em dourado (volume 1) e prateado (volume 2). Diferentemente de outras obras asiáticas do catálogo da editora, o título em japonês agora consta centralizado na capa, salientando a origem da história e do autor, mas sem perder a essência que os clássicos azul e amarelo representam para a edição da Editora Estação Liberdade.
Importante: os conteúdos textuais dos livros não sofreram nenhuma alteração.

UM EXEMPLO DE SABEDORIA E PLENITUDE
Respeitado tanto por sua habilidade como guerreiro como por sua grande sabedoria espiritual, Musashi é uma das figuras mais cultuadas do imaginário histórico japonês.
Musashi, o samurai solitário viveu entre 1584 e 1645, no período conturbado da história japonesa conhecido como Sengoku-Jidai, transição em que começava a Era Tokugawa (1603-1868), época que os tradicionais métodos dos samurais eram aos poucos substituídos por armas de fogo. A atuação de Musashi como guerreiro no cenário em que viveu foi decisiva para a história do Japão: participou das famosas batalhas de Sekigahara (1600) e de Osaka (1614).
Segundo o livro de Eiji Yoshikawa, Miyamoto Musashi nasceu na aldeia de Miyamoto, situada na antiga província de Mimasaka, atualmente Okayama, no oeste do Japão, em 1584. O Musashi narrado no romance foi baseado diretamente no personagem real, dispensando apresentações e se tornando o grande romance épico japonês do século 20. Seus principais personagens passaram a integrar o imaginário nipônico, e a obra tornou-se livro de cabeceira e guia da arte de viver para gerações e mais gerações de japoneses.

Musashi – Volume 1
Musashi, de Eiji Yoshikawa, é um romance épico baseado diretamente na história de vida do mais famoso samurai do Japão, que viveu presumivelmente entre 1584 e 1645. Eiji Yoshikawa dividiu sua obra em sete livros: A Terra, A Água, O Fogo, O Vento, O Céu, As Duas Forças e A Harmonia Final. Destes, os cinco primeiros são uma referência ao godai, os cinco elementos básicos dos quais se compõe, segundo o budismo, toda e qualquer matéria, ou ainda os ciclos pelos quais passa o espírito humano para alcançar a perfeição, começando pela terra impura até atingir o estágio mais alto, o céu, ou, segundo a concepção budista, a paz do nada, o nirvana. Yoshikawa compõe, portanto, ao longo dessa extensa obra, uma magistral metáfora dos duros estágios pelos quais um guerreiro tem de passar para alcançar a perfeição técnica que lhe permite lutar com uma espada em cada mão.
O primeiro volume de Musashi é composto pelos livros A Terra, A Água, O Fogo e O Vento (1ª parte). Nele, somos apresentados ao contexto histórico do Japão do século XVII, um período de transição e busca pela paz após anos de guerras civis.
A história começa com Takezo, que posteriormente se chamará Musashi, recuperando os sentidos em meio a pilhas de cadáveres da parte vencida na famosa batalha de Sekigahara, em 1600. Takezo é um espírito indomável, movido por uma raiva cega e um desejo visceral de provar sua força. Após a derrota, ele e seu amigo são dados como mortos, mas Takezo retorna à sua aldeia natal, Miyamoto, com uma reputação de selvageria e violência.
Em um ponto crucial, ele é capturado e submetido a uma provação inusitada por um monge budista, Takuan, que enxerga potencial por trás da agressividade do jovem. Durante esse período de confinamento forçado, Takezo inicia seu despertar para um entendimento mais profundo do mundo e de si a partir do contato com a literatura e a filosofia, que gradualmente moldam seu caráter. Ao sair da reclusão, ele recebe de Takuan um novo nome: Musashi — um nome que carrega consigo a promessa de um caminho diferente, focado na busca pela verdadeira maestria marcial e pela iluminação espiritual.
Agora como Musashi, ele parte em busca de desafios e oportunidades para aprimorar suas habilidades. Seus encontros são variados e significativos: ele cruza o caminho de outros guerreiros, alguns arrogantes, outros, humildes, cada um oferecendo uma lição diferente sobre a arte da guerra e a vida. Ele também se depara com figuras femininas importantes, como Otsu, uma jovem de beleza e espírito notáveis ligada ao seu passado, e Akemi, uma mulher misteriosa com seus próprios objetivos.
Ao longo de suas viagens, Musashi demonstra uma habilidade natural para o combate, mas também revela sua inexperiência e a necessidade de refinar sua técnica. Ele enfrenta duelos perigosos, aprende com seus erros e começa a forjar uma reputação como um espadachim formidável, embora ainda bruto e impetuoso.
O primeiro volume de Musashi é, portanto, uma história de transformação e autodescoberta. Acompanhamos a jornada de um jovem selvagem e sem rumo, marcado pela violência e pela falta de propósito, em direção a um caminho de disciplina, aprendizado e busca pela excelência. Por meio de provações físicas e espirituais, Musashi começa a desvendar o verdadeiro significado da força e da maestria, preparando o terreno para os desafios ainda maiores que o aguardam no segundo volume. O livro estabelece os alicerces da lenda de Miyamoto Musashi, cativando o leitor com a intensidade de suas lutas, a profundidade de seus conflitos internos e a promessa de um futuro grandioso.
Musashi – Volume 2
Musashi, de Eiji Yoshikawa, foi baseado diretamente no samurai errante homônimo que viveu no Japão durante a transição entre os séculos XVI e XVII. Com um histórico de sucesso editorial incontestável, tornou-se o grande romance épico japonês do século XX. Seus principais personagens passaram a integrar o imaginário nipônico e a obra se tornou livro de cabeceira e guia da arte de viver para gerações e gerações de japoneses. Musashi possui mais de 120 milhões de exemplares em suas diversas edições, além de cerca de quinze versões cinematográficas ou televisivas. A edição brasileira do romance foi publicada pela Editora Estação Liberdade, sendo a primeira versão integral da obra no Ocidente, e conta com a elogiada tradução de Leiko Gotoda.
O segundo volume de Musashi é composto pelos livros O Vento (2ª parte), O Céu, As Duas Forças e A Harmonia Final. Após sua transformação inicial e o despertar para uma vida de disciplina e aprendizado, Musashi agora se dedica fervorosamente a aprimorar suas habilidades marciais e a compreender a verdadeira essência do caminho do guerreiro. O volume mergulha mais fundo na jornada interna de Musashi enquanto ele enfrenta não apenas adversários externos, mas também as dúvidas e inseguranças que o assombram.
Seus duelos se tornam mais estratégicos e menos dependentes da pura força bruta, refletindo a influência dos ensinamentos de Takuan e suas próprias reflexões sobre a natureza do combate. Um dos arcos narrativos centrais deste volume é o confronto entre Musashi e Sasaki Kojiro. O volume também explora a dinâmica social e as tensões políticas do período. As rivalidades entre clãs, a busca por poder e a instabilidade decorrente do recente período de guerra servem como pano de fundo para seus desafios. Musashi começa a questionar a natureza da violência e o verdadeiro propósito de sua busca. Seus encontros com pessoas de diferentes origens e suas observações sobre a vida e a morte o levam a ponderar sobre o significado da força além do simples ato de derrotar um oponente. Ele percebe que a verdadeira maestria envolve não apenas a habilidade com a espada, mas também o domínio da mente e do espírito.