No dia 25 de novembro de 1970, exatos 54 anos atrás, morria um dos maiores nomes da literatura japonesa: Yukio Mishima.
Nasceu em Tóquio, em 1925. Estreou na literatura com apenas dezenove anos, ainda com o nome de nascimento, Kimitake Hiroaka — somente mais tarde viria a adotar o pseudônimo pelo qual ficaria conhecido para sempre. Mesclando influências ocidentais e orientais, explorando tabus temáticos, como a homossexualidade e o culto ao corpo masculino, Mishima compôs uma obra que não separa sua arte de suas próprias ações: sua literatura é sua própria vida.
Conservador controverso e nacionalista extremo, Mishima foi muito crítico da ocidentalização do país. À frente de seu grupo paramilitar Tatenokai, invadiu um quartel do exército japonês em Tóquio, buscando incitar um golpe de Estado para restituir poder ao imperador da época. Sem obter êxito, terminou seu discurso e cometeu seppuku, suicídio ritualístico samurai, deixando perplexos seus milhões de leitores no Japão e no mundo.
Foi indicado três vezes ao Prêmio Nobel de Literatura, mas quem o levou em 1968 foi Yasunari Kawabata, mestre e amigo mais velho do autor. A amizade entre os dois gênios da literatura japonesa é retratada em Kawabata-Mishima Correspondência (1945-1970) (trad. Fernando Garcia), volume publicado pela Editora Estação Liberdade em 2019. O livro reúne as cartas trocadas entre Yasunari Kawabata e Yukio Mishima, desde que Mishima se aproxima pela primeira vez do “mestre” Kawabata, já uma figura influente no meio literário japonês. Nota-se no diálogo como a tímida admiração mútua se torna uma amizade franca e intensa.
Pela Editora Estação Liberdade, Yukio Mishima publicou ainda os romances Vida à venda (2020, trad. Shintaro Hayashi), O marinheiro que perdeu as graças do mar (2022, trad. Jefferson J. Teixeira) e A escola da carne (2023, trad. Jefferson J. Teixeira). O romance Neve de primavera (2024, trad. Fernando Garcia) é o primeiro volume da tetralogia Mar da fertilidade, e dá início a uma história que se prolonga por quase todo o século XX. A série de quatro livros é a obra final de uma carreira breve, mas profícua, do autor japonês; é seu último respiro.
Os demais romances que integram a tetralogia Mar da fertilidade também serão publicados pela Estação Liberdade: Cavalo selvagem (v. 2), O templo da aurora (v. 3) e A queda do anjo (v. 4).
Firmando-se como o talento artístico de sua geração, em cada uma de suas obras Yukio Mishima nos ensina como viver a literatura.